Por Dr.ª Madalena Pupo Correia
O eczema atópico é uma doença inflamatória crónica da pele que afeta 1 em cada 10 pessoas. Frequentemente começa na infância mas afeta pessoas de todas as faixas etárias. É frequente a associação com outras doenças do espectro da atopia, como a alergia alimentar, asma e rinite alérgica.
Caracteriza-se pelo surgimento de lesões vermelhas, exsudativas e descamativas, muito pruriginosas, sobretudo nas superfícies flexoras, embora as áreas predominantemente afetadas variem com a idade. Ocorre devido à interação complexa de 4 fatores:
O eczema atópico influencia significativamente a qualidade de vida, quer pelo desconforto cutâneo e prurido intenso das lesões, como pela disrupção do sono subsequente. Tem também um impacto psicossocial significativo, bem como prejuízo da atividade escolar / profissional.
O seu tratamento assenta então em 4 pilares, procurando restabelecer a saúde da pele. O objetivo é abordar simultaneamente cada um dos fatores patogénicos, para otimizar o resultado e reduzir a carga da doença.
A terapêutica de base é transversal a todos os doentes e inclui a educação sobre a doença e medidas de estilo de vida, como o uso frequente de emolientes (cremes hidratantes) e evicção de alergénios.
A aplicação generosa de emolientes (hidratantes) sem fragrância é uma parte essencial da prevenção diária e do tratamento: ajudam a reter e repor a humidade epidérmica, diminuindo a gravidade da doença e prolongando o intervalo entre as crises, sendo que também reduzem significativamente a necessidade de medicamentos prescritos no tratamento do eczema atópico.
Deve ser dada preferência a uso de roupa de algodão, banhos de água tépida e rápidos com sabão/óleo de banho sem perfume.
De acordo com a gravidade da doença, podem ser utilizados diferentes medicamentos imunossupressores, tópicos ou sistémicos, de forma crónica e na fase de crise. Caso ocorra sobreinfeção das lesões, o tratamento inclui a utilização de antibiótico.
A abordagem deve integrar o acompanhamento médico, a instituição e adesão a um plano terapêutico individualizado e a adoção das medidas de estilo de vida, para minimizar o impacto da doença.
Mª Madalena Pupo Correia
Médica Interna de Dermato-Venereologia
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